quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O PÃO DO CÉU ALIMENTA E CONFORTA NOSSOS CORAÇÕES








Pão simboliza Jesus como doação feita alimento para quem busca sentido e orientação em sua vida. Cada um é convidado a se unir a e haurir algo de seu vigor espiritual: ”Quem come minha carne e bebe meu sangue, permanece em mim e eu nele” (João 6,56). Em uma refeição pascal, Jesus se distribui a si mesmo, repartindo sua vida sem reserva, até na morte.

Iradia força inspiradora sobre os que o seguem, fazendo-os saciados em sua fome espiritual. Pão é símbolo de Jesus. Em palavra e gesto, ele alimenta pessoas em sua busca espiritual. O objetivo da Eucaristia é avivar em nós o testemunho de Jesus: “Como eu vivo a partir do amor do Pai que me enviou, assim viverá a partir de mim quem se alimentar de mim”. (João 6,57).

O gesto de “lava-pés” (João XIII) encarna o sentido do que é “viver a partir de Jesus”. Na Eucaristia celebramos, primeiro, a Boa Nova como dádiva de Deus: em Jesus, Deus se faz doação incondicional, lavando nossos pés, i.é. ele nos purifica interiormente e nos confirma na dignidade divina de filhos e irmãos. Segundo, esta Boa Nova se faz apelo ético para uma tarefa.

Isto no sentido de que fazemos parte do “Corpo de Cristo”, cujos membros hão de servir-se uns aos outros. Jesus há de inspirar-nos, cada vez de novo e em situações variadas, no esforço de darmos boa qualidade à vida, confraternizando a convivência. Celebrar a Eucaristia é expressar e aprofundar a disposição de acolher a graça divina e de servir Deus nos irmãos.

Em sua carta (1 Coríntios XI), Paulo acentua o caráter de cidadania solidária, advertindo os irmãos de que, na Ceia, cometem grave ato de discriminação. Isto quando a ganância de alguns, por seu egoísmo, trai o “Corpo de Cristo”. Ignoram a extremada doação de Jesus a favor da fraternidade, aproveitando da Partilha do Pão para seu interesse pessoal, com menosprezo para os mais carentes - os prediletos do Senhor. Desta forma “comem e bebem a própria exclusão”(XI,29),como se Jesus tivesse oferecido sua vida em vão.

Eucaristia há de ser celebração alegre e esperançosa, de alcance social, evocando o testemunho de Jesus: “Não vim para os que ostentam poder e fingem perfeição, mas para os que carregam o peso da fragilidade humana”. Nesta perspectiva, o critério é a disposição de repartir o amor de Deus a favor de todos e investir a própria vida a serviço dos irmãos.

A celebração eucarística, por sua própria natureza, tem um coração “ecumênico” : faz os diferentes participarem da mesma mesa para que, sendo muitos, nos tornemos cada vez mais, “um só corpo no Senhor”. (1 Cor.XII,12; Gal. III, 28). És pecador? Podes sentir-te convidado de honra à Mesa do Senhor. Sim, esta mesa não tem taxa de ingresso. O convite já foi pago: a doação do Senhor Jesus. Basta sentir-se atraído: ”Vim para os pecadores”. Sempre bem-vindo.

O DEUS NO QUAL ACREDITO

Continuo aprendendo em que Deus posso acreditar, pois não domino o Sopro que me habita e, muito menos, a Cadência que rege a história. Ele contém em si a origem do Universo e a menor das sementes; é o cerne de meu ser e viver. É muito maior que Santos e Dogmas metafísicos. O Deus no qual sou convidado a crer é Amor-Compaixão.

Origem de tudo e todos, impotente no poder e poderoso na fragilidade; dignidade na vida e serenidade na morte; amor no ódio e doação na presença; sustento de tudo e todos, porém dependente do mais ínfimo dos seres. Balbucia em criaturas e fatos: anuncia a candura de sua grandeza, o valor de cada um e de tudo que enriquece nosso planeta.

Sua ‘revelação’ é silêncio perpétuo, captado em gemidos sorridentes de quem o localiza em tudo o que se faz neste mundo. Orientações e parábolas anunciam a grandeza, da qual Deus se faz o maior propagador. Confronta-nos com nossa pequenez e pede desculpas, pacificando-nos em nossa humana condição. Corações o acolhem e nele se inspiram.

Imagino-o ajoelhado diante de um pobre pecador, pedindo compreensão por se revelar em tanta humildade. O Deus em quem aceito crer é quem se esconde em um andarilho, para que esse se enobreça e extraviados se gloriem, acolhendo ouro no pó da terra - homenagem a seu Deus. O que aos menos valorizados fazemos, ao divino Amigo é feito.

Ele dedilha silencio na eloqüente linguagem dos fatos de cada dia. Honra lhe presta quem assume sua própria missão neste universo e a fragilidade do paradoxal ser humano. Felizes e abençoados quando, assim, deixamos Deus ser Deus, até como ausência: Por que me abandonaste?! - fixando ele pés feridos no chão da vida, abraçando transeuntes.